Não sou fanático, pois não sou otário

Depois de refletir sobre coisas que vi pós-última quarta-feira, não resisti em registrar minha opinião. É triste ver como a futilidade pode ganhar um grau de importância tão elevado. O que vi quinta-feira de pessoas, muitas delas muito bem instruídas, pessoas que se dirigiram a alguns torcedores com cumprimento formal de – Parabéns – me deixou embasbacada. Uns poucos torcedores estranharam, parabéns por quê? Mas a grande maioria deles se achavam no patamar do mérito. Pra mim parabéns é pelo aniversário de um ser humano. De alguém que batalha o mês inteiro, às vezes, para ganhar um mísero salário mínimo no mês.

Não é que eu ache que não deve existir torcedor de futebol. Só acho que não deve existir fanático.  E hoje percebemos como humanizaram o futebol. Mais contraditório impossível. Humanizaram um esporte que é hoje um dos mais mercantilizados.  É nojento ver pessoas desembolsarem mais de R$ 500 por um ingresso, enquanto muita gente ganha menos de um salário mínimo para manter uma família. O mais ridículo é a personificação que conferem a um time de futebol. Hoje não é um time, é um Deus. E não falo isso referindo a um único time não. Pode ser o Cruzeiro, Atlético, Corinthians, Flamengo... a puta que pariu que for de qualquer time de futebol não merece de jeito nenhum qualquer humanização, pois ele nada mais é do um simples time, uma simples opção de entretenimento.  Futebol não tem alma, não é ser humano, é só um esporte.

O mundo tá virado mesmo. Quero só ver se no próximo campeonato, o time de futebolzinho, seja lá qual raio de time for, quero ver perder um campeonato e as pessoas cumprimentarem torcedores com palavras profundas de - meus pêsames.  Nossa! Aí vou pensar: uai, morreu alguém? E nesse caso imagino que bem poderia ter morrido: morrido o fanatismo. Mas infelizmente haverá sempre um otário disponível para vestir a camisa de: sou torcedor fanático, sou otário.

Manto sagrado pra mim nunca vai ser camisa, bandeira de time de futebol ou qualquer coisa relacionada a time. Manto sagrado pra mim sempre vai ser o abraço da minha mãe e do meu pai, as mãos de meus irmãos que nunca me deixarão caminhar sozinha. Esse time sim, pra mim é divino.

Time nenhum vai ganhar de mim o meu amor incondicional, minha dedicação exclusiva. Estes sentimentos dedico apenas ao que é verdadeiro, as pessoas de verdade, ao ser humano que tem valor.  Não dedico a um bando de alucinados que não sabem desfrutar de um bom entretenimento e não entendem que ganhar ou perder um campeonato faz parte de todo esporte.

Meu parabéns só ofereço a quem for aniversariante, ok? A quem for vitorioso de uma batalha nessa vida que não é fácil pra muita gente. Pra outros tantos, a vida pode ser desperdiçada com idiotices e futilidades. Estes, nunca ganham meu parabéns.

Na minha vida o que é verdadeiro não tem preço.

Ufa! Tenho orgulho de não ser fanática, não sou otária.